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Artes e História: Helenismo

.:Pra melhor compreender esse projeto leia: Artes e História - Introdução:.
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A cultura helenística logo desenvolveu uma arte pela arte, 
tornando-se mais decorativa e suntuosa. 
Os elementos religiosos passaram a segundo plano. 
Segundo Plínio, a arte helenística estava em todos os lugares, de casas até sapatarias.
A maior preocupação dos helenísticos era a fidelidade com a realidade e eles tendiam a pintar ações dramáticas e violentas. 
Esse estilo é exemplificado nas esculturas do período.

Hellenízein: significa “falar grego” ou “comportar-se como grego” .
O helenismo foi a concretização de um ideal de Alexandre, da Macedônia, O Grande: o de levar e difundir a cultura grega aos territórios que conquistava.
Naquela época tudo que não era grego era visto como bárbaro, Alexandre obrigava seus homens a se casarem com mulheres das regiões conquistadas para abrandar esta distinção.
Foi naquele período que as ciências particulares tiveram seu primeiro e grande desenvolvimento. Foi o tempo de Euclides e Arquimedes.
O helenismo marcou um período de transição para o domínio e apogeu de Roma.


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Cronologia inicial:

Reino Felipe II da Macedônia: 382 -336 a.C.

Domínio da Grécia pela Macedônia: 338

 Reino de Alexandre o Grande: 336 – 323 a.C

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Conquistas de Alexandre:

335 a.C. – Ásia Menor

333 a.C – Pérsia

332-1 a.C – Egito

329 a.C – Noroste da Índia


Após a morte de Alexandre, deviado a problemas na sucessão, seu reino foi repartido entre os generais que formaram os estados Helénicos.

-Artisticamente esses estados contribuíram adicionando elementos regionais a arte grega.


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Retrato de Alexandre o Grande como Hermes, cópia romana do original em bronze de Lísipo, 
Paris, Museu do Louvre, I –II séc. d.C.

- Essa obra traz a inovação de fazer uma estátua que pode ser vista de vários ângulos pois as anteriores eram feitas pra serem vistas somente de frente.


Tanagra, séc. IV a.C., Juiz de Fora, Museu Mariano Procópio.

- Essa obra marca o surgimento de uma indústria artística.
Outras regiões que importavam obras gregas começaram a produzi-las, o que fez a Grécia perder importância.
Após as conquistas de Alexandre a situação piorou pois a demanda de obras foi muito grande, o que ocasionou uma produção em massa de objetos como a Tanagra.
As Tanagras foram inspiradas nas Kore.
O que mais chama atenção nelas é seu aspecto menos religioso e mais ornamental.

Neste momento surge, pela primeira vez, a distinção entre artista (criadores) e artesão (repetidores).

Isso mostra uma mudança na mentalidade por traz da intenção obra que anteriormente era meramente decorativa.
Vemos a arte deixar de ser preferencialmente para apreciação pública e passar a ser privada/particular, feita pra agradar a um e não a todos.

Jogadoras de Astragalos, Londres, British Museum, 330-300 a.C.

- Cena de gênero, quer dizer, cenas de atividades sem grande importância, atividades cotidianas, de caráter particular. O autor buscou colocar maior movimentação nas figuras, fazendo ela ser interessante vista de todos os ângulos. 

Reconstrução da Acrópole de Atenas 

- Nova noção de efeito de conjunto: a acrópole foi construída de forma aleatória, durante o período helênico começou a ser feito o planejamento urbano e paisagístico dela.

Reconstrução da Acrópole de Atenas 

Maquete da acrópole de Pérgamo, Pergamonmuseum, Berlim

- Por meio da maquete é possível observar ruas retas, caminhos e edifícios planejados com uma lógica diferente da anterior.
Neste período houve predileção especial pelo jônico e pelo coríntio pois eram elegantes, sutis e possuíam muita decoração.

Acrópole de Pérgamo

Altar de (Pérgamo) Zeus

- O Altar de Pérgamo é uma magnífica estrutura dedicada a Zeus na cidade grega de Pérgamo (atual Bergama, na Turquia). Porém, esta obra não nos remete a glória de Zeus, nos remete a de quem a construiu. A decoração diz isso.

A obra tem intenção cenográfica, feita de forma que causasse impacto, diferente dos gregos que não se preocupavam em criar efeitos, se preocupavam somente em criar equilíbrio e simetria.

A frente temos uma luta entre os Deuses e os Gigantes, uma luta entre a ordem e o caos, que fazia referência a uma luta recém vencida.
Ao fundo temos a vida de um personagem mitológico, do qual a família de quem encomendou alegava ser descendente.

Altar de (Pérgamo) Zeus

O grande altar provavelmente foi construído a mando de Eumenes II, da dinastia Atálida, após suas vitórias militares no Mar Mediterrâneo que lhe deram o domínio sobre a Ásia Menor.
Na base do altar, um friso descreve a vida de Télefo, filho de Herácles e mitológico criador da dinastia Atálida - com o propósito de fazer a ligação entre a cidade e os deuses do Olimpo. Pérgamo, tendo-se desenvolvido muito mais tarde, não podia reclamar a mesma herança divina das antigas cidades-estado. De todo modo, tentava cultivar seu lugar na mitologia grega.

((A construção, que sofrera muito com o tempo e estava destruída, foi escavada, no final do século XIX, em seu sítio original, e suas partes enviadas para a Alemanha por uma expedição arqueológica liderada por Carl Humann. O altar foi então abrigado no Museu Pergamon em Berlim, onde pode ser visto junto a outras estruturas monumentais como o Portão do Mercado de Mileto e a Porta de Ishtar da Babilônia.

Na época em que foram levados para a Alemanha, o império germânico reagrupado procurava aumentar sua influência cultural, e aproveitou sua aliança com o Império Otomano para concorrer com seus rivais ingleses e franceses, num jogo cultural e geopolítico que acabou na I Grande Guerra.

Na atualidade, o governo turco reclama a devolução do altar, que teria sido retirado ilegalmente do país - da mesma forma que os mármores de Elgin, que a Grécia prentende retomar da Inglaterra.))


Nike contra Alkyoneus, parte do friso dos gigantes

Conhecido como Estilo de Pérgamo, essa parte mostra o gosto por figuras dinâmicas, violentas, com realismo nas dobras das roupas.
Do clássico se perdeu a serenidade na representação, o deixa a obra turbulenta.

Artemis, Friso dos Gigantes, Altar de Zeus

Composta por muitos movimentos bruscos.
As divindades continuam belas mas os monstros ficam horrendos.


Laocoonte, II séc. a.C., Roma, Museu Vaticano

- De acordo com a lenda, Laocoonte era um sacerdote de Apolo que pressentiu o perigo que o cavalo de Tróia representava a cidade e alertou sobre os perigos de levar para dentro das muralhas. 
Por isto, Podeidon deus que favorecia os gregos, enviou duas serpentes para calar a voz de Laocoonte.

"Míseros cidadãos, quanta insânia! Estão de volta os gregos, ou julgais que seus presentes são livres de engodos? Desconheceis o caráter de Ulisses? Ou este lenho é esconderijo de inimigos, ou é máquina que, armada contra os muros, vem espiar e acometer-nos. Teucros, seja o que for, há dano oculto: desconfieis do monstro! Temo os dânaos mesmo quando dão presentes!"
Virgílio, Eneida, Livro II

Obra provavelmente feita na ilha de Rodes.
Foi influenciada pelo Altar de Pérgamo, basicamente a mesma pose, rosto muito expressivo:

Feita pra ser vista de frente. 
As técnicas usadas são muito refinadas, há falta de proporção, quebra no equilíbrio clássico pra causar efeito de movimento e desconforto no expectador. 



O artista não tem mais medo de 'estragar' os rostos para exprimir sofrimento. 

((Apesar de ser considerada já então uma obra impressionante, o grupo de Laocoonte era uma estátua incompleta pois faltava o braço direito da figura do próprio Laocoonte. 

A omissão provocou o debate da comunidade artística romana, polarizado entre duas opiniões: Michelangelo sugeriu que o braço estivesse dobrado sobre o ombro do personagem, enquanto que a maioria defendia que estivesse, pelo contrário, distendido numa posição mais heroica, completando a linha de ação diagonal que se estende pela obra. 
Júlio II organizou então uma competição informal onde os escultores pudessem propôr a sua solução para o problema. 
Rafael Sanzio, como júri do concurso, acabou por escolher uma proposta que representava o braço esticado, e a estátua foi completada desta forma. 
Em 1957, o verdadeiro braço perdido de Laocoon foi descoberto num antiquário italiano e, como Michelangelo previra, estava de facto dobrado sobre o ombro.
Gravura reproduzindo o grupo de Laooconte com os acréscimos da sua primeira restauração,
antes da descoberta do braço dobrado da figura principal e remoção das adições renascentistas.
Museu Dom João VI

O grupo de Laocoonte depressa se transformou numa celebridade na Europa e num motivo de cobiça. 

No âmbito dos tratados assinados com França, o papa Leão X prometeu oferecer a estátua ao rei Francisco I de França. 
Mas como este papa era um amante de arte clássica, e não pretendia separar-se da obra prima, encomendou uma cópia ao escultor Baccio Bandinelli, que acabou por ser o modelo de muitas outras versões menores em bronze. 
O tratado com os franceses acabou por não ser cumprido e esta cópia encontra-se hoje exposta na galeria Uffizi em Florença.

Em 1799, Napoleão Bonaparte conquistou a Itália e levou o grupo de Laocoonte para o Museu do Louvre, em Paris, como espólio de guerra. 
A estátua acabou por ser devolvida ao Vaticano por iniciativa britânica, depois da queda de Bonaparte em 1816.

O grupo de Laocoonte foi uma das influências principais nos trabalhos de Michelangelo posteriores à sua descoberta. 
O escultor italiano ficou bastante impressionado com a monumentalidade da escultura e a estética helenística das personagens, em particular a figura de Laocoonte.

A estátua foi ainda objeto de comentários da autoria de Winckelmann e Goethe, e de profundas observações em "Laocoonte", um ensaio de Gotthold Lessing escrito em 1766, que se tornou um clássico da teoria estética.))

Nike ou Vitória de Samotrácia, Paris, Museu do Louvre, c. 190 a.C.

- Essa obra ficava na proa de um navio. 
Geralmente as Nikes eram representadas voando de forma leve mas esta é pesada, forte e poderosa. 


Foi feita com muito cuidado, seus tecidos são bem elaborados. 
Corpo todo destacado e elegante, bem complexo. 


Afrodite de Milos, Paris, Museu do Louvre, 130-100 a.C.

- Imagem com muito movimento e dinamismo. Apesar de como obra helenística tender muito pro estilo clássico devido a sua expressão neutra.
Não é uma Vênus feita para fins religiosos, foi feita para ser admirada.


O caimento das roupas reforça a ideia de movimento.


((A obra, de 2,02 m de altura, é composta basicamente de dois grandes segmentos de mármore de Paros, com várias outras partes menores trabalhadas em separado e ligadas entre si por grampos de ferro, uma técnica comum entre os gregos antigos. 

A deusa usava jóias de metal - braçadeira, brincos e tiara - presumidas pela existência de orifícios de fixação. Pode ter tido outros adereços, e sua superfície pode ter recebido pintura, que entretanto não deixou traços.

A figura está ereta, e permanece nua até o quadril, enquanto os membros inferiores se ocultam sob um manto ricamente pregueado que explora efeitos de luz e sombra. 

Tem sua perna esquerda elevada, levemente fletida e projetada à frente, enquanto o seu peso descansa sobre a perna direita, provocando uma leve curvatura no torso. 

Seus cabelos, longos e ondulados, são divididos ao meio e recolhidos por trás para formar um coque. 
Sua face, cuja suavidade de feições tem sido muito admirada, esboça um leve sorriso. 

Faltam-lhe ambos os braços e o pé esquerdo. 

Seu acabamento é desigual, sendo mais refinado na frente do que na parte traseira, uma prática comum quando as estátuas deveriam ser instaladas em nichos, como ela foi.))


Retrato de Filósofo, Atenas, Museu Arqueológico, c. 240 a.C.

- Os retratos surgiram na transição do período arcaico para o clássico. Eram feitos pós morte, de forma idealizada. No período helênico passou a ser artigo de luxo de reis, generais, pessoas de alta classe.  

Este retrato foi feito em bronze, ficou muitos anos no fundo do mar. 
Seus traços não são simétricos nem belos, essa obra não foi idealizada. 

Possui traços individualistas como alguns exageros feitos para reforçar que o retratado era filósofo.
Por exemplo os olhos muito dramáticos, não eram fixos no próximo, estavam voltados para longe como alguém que está constantemente refletindo sobre algo. Seus cabelos e barba desarrumados eram uma forte característica. 

Pseudo-Sêneca, cópia romana do original grego Nápoles, Museo Archeologico

- Possui cabelos, olhos e barba característicos da representação de filósofos.

Neste período é bem marcante a aparição de imagens que não focam no belo, elas mostram pessoas mais velhas, rostos marcados e expressões estranhas.

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